Resumos e CV

Série IV

4 Novembro 2015 
Teatros Portugueses
De meados do século XVIII aos primeiros anos do século XX
Luis Soares Carneiro. FA. UP

Os teatros portugueses de tradição italiana constituem um acervo enorme e frequentemente mal conhecido e valorizado. O reconhecimento deste património, a compreensão das etapas do seu desenvolvimento, a observação dos melhores exemplares e um balanço sobre a sua presente situação e as perspectivas de futuro, constituem elementos centrais na apresentação a realizar.
Luís Soares Carneiro é Arquitecto e Professor Associado na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Licenciado pela ESBAP em 1987 e Doutorado pela FAUP em 2003. É Diretor do Programa de Doutoramento em Arquitectura da FAUP.  Além de manter uma intensa atividade de projeto, ensina, escreve, faz conferências e participa em encontros nacionais e internacionais. Trata sobretudo temas relacionados com Teatros, Habitação Colectiva e História da Arquitectura Portuguesa.


11 Novembro 2015 
Valores e sustentabilidade do Teatro Nacional de São Carlos
João Mascarenhas Mateus. FA.UL

A análise dos valores de que um monumento é testemunho, constitui um processo dinâmico e multidisciplinar que permite justificar as decisões que se tomam sobre a sua conservação. Este exercício de pesquisa passa por compreender a história material do objecto arquitectónico e a transformação ao longo do tempo do seu simbolismo para a comunidade. Conservar o Teatro Nacional de São Carlos significa salvaguardar a sua integridade histórica material e imaterial e encontrar formas sustentáveis de intervenção que conciliem a complexa combinação de factores culturais, económicos, ambientais e sociais que tornam único este monumento nacional. A apresentação pretende reflectir sobre este tipo de exercício de pesquisa, fundamental para o planeamento e gestão do património arquitectónico em Portugal.

João Mascarenhas Mateus é Engenheiro Civil e Investigador Principal na Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa. Licenciado pelo IST em 1987, Mestrado em Conservação de Monumentos e Sítios Históricos pela KUleuven-Bélgica em 1990 e Doutorado pelo IST em 2001. É Investigador FCT no CIAUD – Centro de Investigação em Arquitetura, Urbanismo e Design da FAUL e investigador associado do IHC.  A sua actividade de pesquisa está sobretudo centrada na História da Construção, uma disciplina para cuja implantação em Portugal tem contribuído particularmente.  Co-coordenou em 2014, com Carlos Vargas a edição do livro “São Carlos: um teatro de ópera para Lisboa. Património e arquitetura do Teatro Nacional de São Carlos”, publicado pela INCM.


18 Novembro 2015 
Intervenções arquitetónicas recentes no Teatro Nacional D. Maria II
Pedro Fidalgo. IHC. NOVA
Em 1978, o Teatro Nacional D. Maria II, destruído em 1964 por um brutal incêndio que praticamente só deixou de pé as suas paredes exteriores, foi reinaugurado, depois de reconstruído a partir de um projeto do arquitecto Guilherme Rebelo de Andrade.
Desde a sua reabertura em 1978 e até aos nossos dias, sucederam-se um vasto conjunto de intervenções, que pretenderam dar resposta a novas necessidades funcionais, a imposições legislativas, a mudanças nos modos de produção teatral, a alterações de gosto, ao surgimento de novas tecnologias, mas também ao desgaste ou envelhecimento de elementos da construção. Muitos dos casos identificados encontram paralelo noutras salas de espetáculo. 

Pedro Fidalgo doutorou-se com a tese Elementos Visuais Determinantes da Paisagem Litoral - O potencial presente e endógeno na confluência do Tejo com o Atlântico, pela Escuela Técnica Superior de Arquitectura da Universidad Politécnica de Madrid, onde concluiu o programa de doutoramento Periferias, vitalidade e sustentabilidade urbana.
É Pós-Graduado em Direito do Planeamento, do Urbanismo, e do Ambiente, pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, concluiu o Curso de Mestrado em Planeamento Regional e Urbano da Universidade de Lisboa e é Mestre em Salvaguard du Patrimoine Bati pela École Polytecnique Fédéral de Lausanne.
Licenciou-se em Arquitectura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa.
Tem desenvolvido uma actividade profissional independente, onde se destaca a recuperação da Praça de Touros do Campo Pequeno (co-autoria), a sede da Kyocera Portugal e um conjunto de intervenções no Teatro Nacional D. Maria II e no Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa.

Pedro Fidalgo é Investigador Integrado do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa.

25 Novembro 2015

Fotografia e memória do Teatro Nacional D. Maria II: o incêndio de 1964
Paulo Catrica. IHC. NOVA
O incêndio que destruiu o interior do Teatro Nacional D. Maria II na madrugada de 2 de dezembro de 1964 instiga e coabita o argumento. A reconstrução durou catorze anos, e o ‘novo’ teatro inaugurado em maio de 1978, pelo poder político que emergiu com a Revolução de Abril, é o derradeiro exemplo do ‘historicismo’ arquitectónico que orientou muitas das obras do Estado Novo.
Partindo do presente, de fotografias do teatro realizadas em 2014 e resgatando fotografias históricas a diversos arquivos, em particular ao espólio do fotógrafo José Marques, recentemente adquirido pelo TNDM II, este atlas fotográfico projeta um edifício do ‘novo’ e do ‘outro’ teatro. No entanto, recusa a perspetiva do inventário ou a construção de um resumo, não segue uma cronologia nem mesmo regras de serialização documental. Não pretende nem ilustrar, nem reconstruir o edifício do teatro, o que existe hoje ou o que desapareceu consumido pelo fogo em dezembro de 1964. As fotografias enquanto citações, revelam e confrontam micro‐histórias, de assuntos, factos ou acontecimentos criando uma narrativa historiográfica que interseta e confronta a matriz documental e a hipótese alegórica das fotografias.


Paulo Catrica estudou fotografia na Ar.Co (Lisboa,1985), licenciou-se em História na Universidade Lusíada (Lisboa, 1992), concluiu o mestrado em Imagem e Comunicação no Goldsmith’s College (Londres,1997) e o doutoramento em estudos de fotografia na Universidade de Westminster (Londres, 2011). Actualmente enquanto Bolseiro de Pós-Doutoramento da FCT é investigador associado no IHC e no CECL da Universidade Nova de Lisboa. Expõe regularmente e publica desde 1998. Das exposições recentes destaque para CAAA, Guimarães (2014), Galeria Presença, Porto (2014), CAM, Gulbenkian, Lisboa (2013) Centro Huarte de Arte Contemporâneo, Pamplona (2012), Fruitmarket Gallery, Edimbrugh (2012), Bluecoat, Liverpool (2012), Milton Keynes Art Gallery (2011), Galeria Carlos Carvalho, Lisboa (2011), Museu EDP, Lisboa (2011) e Circuit Gallery, Toronto (2010). Foi seleccionado para o prémio BES (Lisboa, 2006). O seu trabalho está representado em inúmeras colecções públicas e privadas. Em 2015, no âmbito do projecto Memória (1964), publicou Memorator (TNDMII/ Bicho do Mato).

2 Dezembro 2015

A caricatura e as artes do espetáculo em Portugal
Osvaldo Macedo de Sousa

Analisando a caricatura / cartoon e a sua génese criativa, descobrimos quão importante é a questão dramatúrgica. O artista ao observar o momento, as notícias que correm no fluxo constante da vida / comunicação social, tem de selecionar o que lhe parece mais pertinente para a sua análise filosófica e para o público. Captada a ideia base e desconstruída nos artifícios humorísticos da abstração, esta tem de ser materializada pela teatralização gráfica, não só cenográfica, como também dramatúrgica dos heróis intervenientes. Pode-se dizer que o cartoonismo é uma arte cénica, na reinterpretação do espectáculo do quotidiano?
Sabendo como sabemos que uma imagem é, podendo contudo não ser o que aparenta, é nossa função explorar este património para descobrir os porquês. A imagem histórica não interessa apenas pelo que representa, mas por tudo o que a envolve, na sua relação com o mundo, desde o autor até ao leitor, passando pelo intérprete. O desafio do historiador está em chegar ao que não está explícito, e mesmo ao que não está implícito, ultrapassando a superfície e ver através dela, recompondo o discurso entre o passado e o presente. Muitas das vezes, a mensagem é falsa, manipulada pelo poder, pela comunicação social, ou por outros interesses. 
Na realidade, para o historiador não importa se a imagem mente, porque o importante é saber se mente e saber porque mente, como e porque foi alterada, com que fim foi encenada essa realidade. De todas as formas, como documento, como património histórico gráfico, a caricatura / cartoon continua a ser um dos melhores elementos arqueológicos para se conhecerem, não só os factos noticiosos, mas também a História sentida, vivida de uma época e o pensamento da sociedade contemporânea. 

Osvaldo Macedo de Sousa é natural do Porto (1954). Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Especializou-se no campo do humor gráfico. Realizou conferências em algumas instituições de ensino portuguesas, bem como em universidades de Espanha, França, Alemanha, Polónia, Chipre, Turquia, Costa Rica e Brasil. 
Organizou mais de 4 centenas de exposições por todo o país, como também em Espanha, França, Croácia, Turquia, Dinamarca, Brasil, Costa Rica, Macau… e, consequentemente, editou, para essas exposições, mais de três centenas de álbuns e livros ("História da arte da Caricatura de imprensa em Portugal", “Crónicas d’um Stuart”, “Iconografias da Censura na Caricatura Portuguesa”, “Raphael Bordallo Pinheiro o Cidadão e o Artista”, "Humores ao fado e à Guitarra", “Esse ser Comediante”, “João Abel Manta Obra Gráfica”, “O Modernismo pel’ O Humorismo”, “Vozes Líricas do séc. XX”, “As Caricaturas da Primeira República”, “O que é o Humor Gráfico?”, “Artistas Portugueses na Grande Guerra”….) editados em Portugal, Espanha, Eslovénia, Moçambique, Brasil. Curador de exposições nos Museus Rafael Bordalo Pinheiro, da República e Resistência, Leal da Câmara, Museu Nac. da Imprensa, da Água, Amadeo de Souza Cardoso, Grão Vasco, Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa, Museu Nac. do Teatro, Fund. Gulbenkian, entre tantos.
Foi director da Galeria Stuart (1984/5); da Casa do Humor em Lisboa (1989/90). Comissário Nacional das Comemorações dos 150 Anos da Caricatura em Portugal (1997); do AmadoraCARTOON no AmadoraBD (desde 1999); MouraBD (1995/2013); Bienal de Caricatura de Ourense (de 1996 a 2009), Fundador e Director do Salão Nacional Humor de Imprensa (1987/2006); Salão Livre de Humor Nacional (1998 - 2003); do primeiro PortoCARTOON (em 1998); Salão Luso-Galaico de Caricatura - Vila Real (desde 1997); Fest. Int. Humor de Praia - Espinho (em 2000); Bienal de Humor Raiano - Idanha-a-Nova (2002 e 04); Bienal de Humor Luiz d’Oliveira Guimarães – Penela (desde 2008). Membro de Júris de Festivais Internacionais em Portugal, Espanha, França e Chipre.


Série III

Cyril Isnart
Investigador no CNRS, membro do IDEMEC (UMR 7307 CNRS Aix Marseille Université). Cyril Isnart é antropólogo e trabalha sobre as praticas patrimoniais dos campos religiosos e musicais na Europa do Sul (França, Portugal, Grécia). É coordenador do programa MERAP-MED. Religious Memories and Heritage Practices in the Mediterranean. Confessional Coexistence and Heritage Assertion (2013-2015), financiado pela FCT (PTDC/IVC-ANT/4033/2012) e, desde 2009, co-responsável pela Respatrimoni, uma rede internacional de investigadores sobre as patrimonializações (repatrimoni.wordpress.com).
Cyril Isnart publicou Saints légionnaires des Alpes du sud (2008, Paris, Maison des Sciences de l’Homme) e vários artigos científicos em jornais internacionais, tais como International Journal of Heritage Studies (UK), Journal of Mediterranean Studies (Malta), Memoria em Rede (Brasil) ou ethnographiques.org (França-Suiça). Foi editor convidado de Civilisations (2012, Belgia), Ethnologie Française (2013, França), Etnográfica (2013, Portugal) ou Journal of Tourism and Cultural Change (2014, UK) e leccionou Antropologia Cultural em França, Portugal, Italia e Brasil.
Graça Filipe é natural de Lisboa, licenciada em História (1980, FLUL), mestre em Museologia e Património (2001, FCSH-UNL) e pós-graduada em Museologia Social (1991, UAL). É investigadora do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas na Universidade Nova de Lisboa e nesta mesma faculdade é docente de museologia, desde 2007. É técnica superior da administração local e responsável científica e técnica, desde Maio de 2014, do Projecto do Museu da Levada de Tomar, neste Município. Foi responsável e directora do Ecomuseu Municipal do Seixal entre 1989 e 2009 e técnica superior na mesma instituição em 2011-2014. Desde 1989 que concentra o seu trabalho na investigação e em projectos no âmbito da história, dos estudos de património e da museologia, ligados à acção patrimonial e à formação, com ênfase em contextos museais.
Emília Tavares

Nasceu em 1964, Lisboa, Portugal.
Conservadora e curadora para a área da Fotografia e Novos Media, no Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, Lisboa.
Mestre em História da Arte pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. 
Investigadora de História da Fotografia, tendo publicado a obra João Martins – Imagens de um tempo descritivo desolador, Mimesis, Porto, 2001. Tem diversos ensaios publicados sobre história da fotografia portuguesa. Desenvolve uma actividade regular na área da crítica, bem como na realização de seminários e conferências, em diversas instituições. 
Comissariou as exposições 1980-2004 anos de actualização artística nas colecções do Museu do Chiado-MNAC, Museu Francisco Tavares Proença Júnior, Castelo Branco, 2004;  Joshua Benoliel (1873-1932) - repórter fotográfico, LisboaPhoto, Cordoaria Nacional, Lisboa, 2005),  Batalha de Sombras: Colecção de Fotografia dos anos 50 do Museu Nacional de Arte Contemporânea-Museu do Chiado, Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira, 2009 e co-comissariou a exposição Amália- Coração Independente no Museu Berardo, Lisboa; a apresentação da exposição Joshua Benoliel, na Casa Museu Zavala, Cuenca, no âmbito da PhotoEspaña 2009 e da exposição Batalha de Sombras: Colecção de Fotografia dos anos 50 do Museu Nacional de Arte Contemporânea-Museu do Chiado, na Casa Museu Zavala, Cuenca, no âmbito da PhotoEspaña 2010. Ainda no ano de 2010 comissariou a exposição Annemarie Schwarzenbach (1908-1942) Auto-retratos do Mundo, no Museu Berardo, Lisboa.
Coordenadora do Projecto Objectiva – Base de Dado Onlines para a História da Fotografia Portuguesa, com o apoio da FCG e Direcção-Geral das Artes.
Investigadora portuguesa convidada do projecto FOTOFO - The History of 20th Century European Photography, com o apoio da FCG.

Pedro Fidalgo
Doutorou-se com a tese Elementos Visuais Determinantes da Paisagem Litoral - O potencial presente e endógeno na confluência do Tejo com o Atlântico, com a classificação de “Sobresaliente” por unanimidade, pela Escuela Técnica Superior de Arquitectura da Universidad Politécnica de Madrid, depois de ter concluído o programa de doutoramento “Periferias, sustentabilidade e vitalidade urbana”.
É pós-graduado em Direito do Planeamento, do Urbanismo e do Ambiente, pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
Concluiu o Curso de Mestrado em Planeamento Regional e Urbano da Universidade Técnica de Lisboa.
É Mestre em “Salvaguard du Patrimoine Bati” pela École Polytecnique Fédéral de Lausanne.
Licenciou-se em Arquitetura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa.
Tem desenvolvido uma atividade profissional independente, onde se destaca a recuperação da Praça de Touros do Campo Pequeno (co-autoria), a sede da Kyocera Portugal e um conjunto de intervenções no Teatro Nacional D. Maria II e Teatro Nacional de São Carlos em Lisboa. 
Pedro Fidalgo é Investigador Integrado do IHC-NOVA.

Paulo  Catrica 
Lisboa, 1965.
Estudos de fotografia no Ar.Co. em Lisboa (1984/85); 
Licenciatura em História, Universidade Lusíada, Lisboa (1992); 
Mestrado em Imagem e Comunicação, Goldsmith’s College, Londres (1997). 
Doutoramento em Estudos de Fotografia, pela Universidade de Westminster, Londres (2011). 
Bolseiro da Fundação da Ciência e Tecnologia em Pós-Doutoramento (2014).
Expõe e publica regularmente desde 1997. Exposições recentes (selecção), Galeria Presença, Porto (2014), Centro de Arte Moderna, FCG, Lisboa (2013), Fruitmarket, Edimburgo (2012) Bluecoat, Liverpool (2012), Fundación Centro de Arte Contemporáneo de Huarte, Pamplona (2012), Galeria Carlos Carvalho, Lisboa (2011), Milton Keynes Art Gallery (2011), Museu EDP (2011); Galeria Quadrado Azul, Lisboa (2008).Entre diversas publicações referência para as monografias TNSC (2011) Liceus (2005), You are Here (2003) e Periferias (1998).

João Mascarenhas-Mateus
Investigador integrado do IHC desde 2014 (colaborador desde 2011). Investigador contratado (Compromisso Ciência FCT) no CES - Universidade de Coimbra, Núcleo de Cidades, Culturas e Arquitectura (2009-2014). Depois da licenciatura em Engenharia Civil no IST, fez o Mestrado em Ciências da Arquitectura na Katholieke Universiteit Leuven, Bélgica onde trabalhou como assistente de investigação contratado (1993-1995). Perito da Direcção de Cultura da Comissão Europeia entre 1993 e 1998 para avaliação de projectos de Conservação e Restauro do Património Cultural. Realizou na Universidade La Sapienza de Roma, Itália a investigação de doutoramento sobre a utilização de técnicas tradicionais de construção de edifícios de alvenaria na actividade da conservação arquitectónica. Em Roma, projectou e dirigiu os trabalhos de conservação do Instituto Português e do Pontifício Colégio Português (1996-2003). Doutorado em Engenharia Civil pelo IST (2001). A sua tese deu origem ao livro “Técnicas tradicionais de construção de alvenarias” (Lisboa: livros Horizonte). "Cultore della materia" na Faculdade de Arquitectura Valle Giulia da Univ. La Sapienza de Roma (2002-2004) e colaborador científico da "Scuola di Specializzazione in Conservazione dei Monumenti" da mesma Universidade, desde 2002. Foi coordenador técnico da candidatura da Baixa Pombalina à Lista do Património Mundial (2003-2006). Organizou em 2010 a Primeira Conferência sobre História da Construção em Portugal e foi um dos coordenadores do I Congresso da História da Construção Luso-Brasileira (2013). Editor de vários livros e publicações sobre história da construção, conservação de monumentos como “São Carlos: um teatro de ópera para Lisboa” (c/ Carlos Vargas IHC-Nova, INCM 2014), centros históricos e as relações entre história urbana e imagem.


Miguel Brito Correia
Arquiteto (Universidade Lusíada, 1994) e Mestre em Conservação de Edifícios Históricos (Universidade de York, 1998). Pós-graduação em Gestão, Promoção e Montagem de Negócios Imobiliários (ESAI, 2006).
Colaborador da Enatur, Pousadas de Portugal (1994-97), profissional liberal nas áreas de projetos de recuperação de património e de levantamentos de arquitetura (1998-2007) e de administração de condomínios e gestão imobiliária (desde 2003). Colaborador da empresa de administração de condomínios ConRegra (2008-2010).
Autor de artigos em revistas do património (em especial a “Pedra & Cal”, do GECoRPA) e em livros sobre património editados pela Universidade de York, ICOMOS e IGESPAR. Co-autor com o arqº Flávio Lopes dos livros “Património Arquitectónico e Arqueológico, Cartas, Recomendações e Convenções Internacionais” (Livros Horizonte, 2004) e “Património Cultural, Critérios e Normas Internacionais de Proteção” (Caleidoscópio, 2014). Tem proferido conferências em diversas universidades e apresentado comunicações em congressos em Portugal, Espanha e Reino Unido sobre temas de história e legislação de património.
Foi membro da Sociedade Internacional de Molinologia (TIMS) e da Europa Nostra. É membro do Conselho Internacional dos Monumentos e dos Sítios (ICOMOS), tesoureiro da Comissão Portuguesa (desde 2007) e membro da Comissão Científica de Arquitetura Vernacular (desde 2001). Membro do júri do Prémio Municipal de Recuperação do Património de Montemor-o-Velho (2006 e 2008). Coordenador do Prémio GECoRPA 2008.
Série II
Dia 21 de Novembro de 2012
Luísa Taveira, A dança como património do Século XX português
Luísa Taveira

Natural do Porto, começou a estudar dança aos nove anos, com o professor Pirmin Treku. Em 1974, juntamente com alguns dos seus colegas, funda o Grupo Experimental de Bailado do Porto, com o qual desenvolve uma intensa atividade artística, realizando espetáculos no norte do país.
Um ano depois, entra na Upper School do Royal Ballet, em Londres, na qualidade de bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, e aí finaliza os seus estudos com Maryon Lane, Pamela May, Piers Beaumont, Leonid Massine e Ninette de Valois, entre outros.
De regresso a Portugal, ingressa na Companhia Nacional de Bailado - da qual é membro fundador - sendo escolhida, logo na temporada inaugural da companhia, para o papel de Odete, do Lago dos Cisnes. Aqui, tem a oportunidade de dançar os papéis principais do repertório clássico e neo-clássico e também de interpretar um sem número de criações coreográficas, muitas das quais especialmente concebidas para si.
Entre 1985 e 1988, é artista convidada de várias companhias europeias com as quais dança em Inglaterra, Bélgica, França, Alemanha, Suíça, Itália e Áustria, destacando-se a sua participação no London City Ballet. Durante a temporada de 1986, junta-se, como bailarina principal, ao elenco da NAPAC Dance Company, a primeira companhia de dança multirracial da África do Sul, sedeada na Playhouse de Durban, e com a qual percorre, em digressão, todo o país.
Dos seus “partners” destaca Guilherme Dias (CNB), Michael Corder (Royal Ballet), Anatoli Grigoriev (Kirov Ballet) e Phillip Betley (London Festival Ballet).
Em 1982, recebe o prémio de imprensa para a melhor bailarina.
Com um forte desejo de alargar a sua experiência de intérprete a outras facetas da dança para além da clássica, ingressa no Ballet Gulbenkian em 1988, interrompendo no entanto a sua estadia um ano depois, para ser mãe.
Por esta altura, começa a ensinar no Conservatório Nacional, onde permanece durante 13 anos. Aqui fez também parte da direção da escola e ajuda a elaborar o curriculum de ensino integrado da escola, numa experiência inédita do ensino artístico em Portugal. Foi também, durante a sua estadia no Conservatório Nacional, responsável pela realização dos espetáculos anuais dos alunos.
Entre 1996 e 2000, a convite de Jorge Salavisa, assume as funções de diretora artística adjunta e, posteriormente, de diretora artística da Companhia Nacional de Bailado.
Em 2001, é convidada para assessora da área da dança da administração da Fundação Centro Cultural de Belém. Mais tarde, passa a adjunta para a programação com responsabilidades nas áreas da dança, do teatro e da ópera, exercendo também as funções de coordenação da programação das orquestras e formações musicais em residência, dos ciclos temáticos e de alguns dos festivais.
Assume, entre 2003 e 2007, as funções de professora coordenadora do ramo de espetáculo da Escola Superior de Dança, do Instituto Politécnico de Lisboa.
Foi por diversas vezes chamada a fazer parte dos júris de apoio à dança e projetos transdisciplinares do Ministério da Cultura, bem como para júri dos prémios Almada e Ribeiro da Fonte. Em 2005, faz também parte do júri internacional de dança, no âmbito das comemorações do 4º centenário da publicação de D. Quixote, a convite do Instituto Cervantes, em Madrid.
Em 2005, integra a equipa de programação de Faro Capital da Cultura, como responsável artística para as áreas da dança e do novo-circo.
No âmbito da programação do Centro Cultural de Belém, funda em 2010, a Companhia Maior, um projeto de intérpretes com mais de 60 anos, provenientes de todas as áreas artísticas.
É Mestre pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Desde outubro de 2010, Luísa Taveira é Diretora Artística da Companhia Nacional de Bailado e do Teatro Camões.

Dia 7 de Novembro de 2012
Ricardo Cabaça, Teatro português: um património por concretizar

Ricardo Cabaça
Licenciado em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH – UNL) e mestrando em Estudos de Teatro na Faculdade de Letras de Lisboa (FL – UL). Autor e encenador, colaborou com o Teatro Ibérico, Teatro à Parte e com Bruno Bravo. Co-fundador da companhia 33 Ânimos. Publicou diversos textos e ensaios em revistas especializadas e em jornais. Participou na antologia de contos “Do conserto do mundo” e tem uma peça publicada na revista Bypass #2. Actualmente trabalha no Centro de Documentação do TNDMII. 


Série I
Dia 14 de Março de 2012
José Manuel Fernandes, A Arquitectura: história, património, tipologias, algumas reflexões
Resumo
Áreas disciplinares em construção ao longo do século XX (antecedentes oitocentistas; o Novecentos, a História e Teoria da Arquitectura em Portugal, de Raul Lino a Jorge Segurado, de Mário Chicó a Paulo Varela Gomes, os historiadores e os arquitectos).
Os campos de estudo, da investigação à divulgação (a temática ibérico-europeia; a temática ultramarina-imperial; a temática de enquadramento e contexto; indissociabilidade dos campos).
A accção institucional e da comunidade: evolução das ideologias da História e do Património ao longo de Novecentos (da Monarquia à República, do Estado Novo à Democracia; o post 25 de Abril e a consciencialização patrimonialista (a SEC/MC, acções celebrativas); as acções da sociedade civil (polémicas, debates, iniciativas culturais).

José Manuel Fernandes
Nasceu em Lisboa, Portugal, em 1953. Arquitecto licenciado pela Escola de Belas Artes de Lisboa em 1977. Professor, Doutorado em 1993, Catedrático (2010) em História da Arquitectura e do Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica, Lisboa. Membro do Conselho Editorial da revista Monumentos desde 1994. Primeiro Presidente do DOCOMOMO Ibérico, 1993-97. Conferencista convidado no Departamento de Arquitectura da Universidade Autónoma de Lisboa, e seu Director no período 1998/2000. Director do Instituto de Arte Contemporânea do Ministério da Cultura em 2001/2003. Investiga, escreve e publica regularmente sobre temas de História, Arquitectura e Urbanismo. Coordenador da área da África Sub-sahariana no estudo “Património de Origem Portuguesa no Mundo – Arquitectura e Urbanismo” (coord. de José Mattoso, Fundação Calouste Gulbenkian, ed.2010-2012). Obra mais recente, “Arquitectos Segurado”, ed. autor com INCM, 2011)

Dia 28 de Março de 2012   
Helena Buescu, A literatura na história
Resumo
Olhando para o panorama da literatura portuguesa no século XX, detectam-se algumas linhas de força que orientam a reflexão sobre o que fomos e somos: um século de crises; transformações sociais; lá fora cá dentro: guerras; o poeta na cidade; “a vida, pequenos nadas”; hoje e ontem, Portugal na História; aqui e ali, Portugal no mundo.

Helena Buescu
Professora  catedrática na Faculdade de Letras de Lisboa. As suas áreas de interesse abrangem sobretudo a Literatura Comparada e os séculos XIX e XX. Colabora regularmente com Universidades da Europa, EUA, Brasil e Ásia. Tem nove livros publicados, entre os quais A Revisionary History of Portuguese Literature (com Miguel Tamen), O Grande Terramoto de Lisboa. Ficar Diferente (Gradiva, 2005), e Emendar a Morte. Pactos e(m) Literatura (Campo das Letras, 2008). É directora-fundadora do Centro de Estudos Comparatistas emembro da Academia Europaea. Dirige actualmente o projecto “Literatura-Mundo em Português”, com o apoio de várias instituições nacionais e internacionais, e é membro do Board do Institute of World Literature, consórcio internacional liderado por Harvard University.

Dia 11 de Abril de 2012
Francisco Salvador Ventura, Portugal “imaginado”. Visiones fílmicas desde la alteridad
Resumo
O potencial discursivo das imagens na construção da visão que temos do mundo que nos rodeia é indiscutível, assim como o vínculo directo com o contexto temporal e cultural em que elas são produzidas. Partindo destes princípios, pretende-se mostrar algumas das mais significativas filmagens recentes sobre Portugal realizadas desde a outra vertente da Península Ibérica. Para este exercício escolheram-se reportagens que foram preparadas para alguns dos programas mais emblemáticos da televisão pública espanhola: Informe Semanal, Paraísos Cercanos, En Portada y Españoles por el Mundo. Através destes documentos teremos ocasião de observar o ponto de vista do vizinho hispano sobre um acontecimento tão transcendental como a Revolução dos Cravos, de conhecer os interesses dos turistas que visitam o país, de apreciar as análises da omnipresente crise económica, de nos aproximarmos, por fim, da vida quotidiana e das reflexões elaboradas por espanhóis instalados em Portugal. Todo este material será de grande utilidade para poder propor algumas considerações finais em torno dos conceitos de identidade e de alteridade.

Francisco Salvador Ventura
Nasceu em Almería em 1962. É Professor Associado de História Antiga da Universidade de Granada, desde 1991. Doutor em História pela Universidade de Granada em 1986. Doutor Europeu em História da Arte pela Universidade de Murcia em 2006. Possui o Diploma de Estudos Avançados em Filosofia pela UNED (Universidade Nacional de Educação à Distância) em 2009.
Foi visiting professor no California Institute of Technology em Los Angeles durante o ano de 2010 e conferencista em vários centros educativos da Europa, América e África. Desenvolve trabalho nas seguintes linhas de investigação: a transição entre o Mundo Antigo e o Mundo Medieval na Península Ibérica; a visão da Antiguidade no Cinema e a complexidade das relações entre Cinema e História. É director do Grupo de Investigação HUM-870. Cine y Letras, Estudios transdisciplinares sobre el arte cinematográfico. Entre as suas publicações recentes são de citar as coordenações de duas obras colectivas intituladas “Cine y Cosmopolitismo” e “Cine y Ciudades”, publicadas em 2010 e 2011, respectivamente. Dirige igualmente a Revista Científica Metakinema – Revista de Cinema e História, desde a sua criação em 2007.


Dia 18 de Abril de 2012 
João Mascarenhas Mateus, Re-construções pós-modernas: centros históricos e o programa POLIS
Resumo 
O Programa POLIS constituiu um instrumento de planeamento e gestão urbana que foi responsável pela transformação da imagem de um número considerável de cidades em Portugal, durante a última década. As obras financiadas por este programa incluíram não só zonas degradadas e abandonadas como partes de centros históricos e áreas confinantes. Os principais objectivos destas intervenções consistiam na melhoria das condições ambientais, na construção de novas infraestruturas públicas e na melhoria do conforto e bem estar. Com frequência, estas operações de ‘costurar’ novas construções e infraestruturas em tecidos urbanos consolidados não conseguiram bons resultados, mesmo em zonas degradadas mas ricas de memória e conhecimento. A comunicação pretende discutir alguns casos de estudo e abordar questões metodológicas relacionadas com a regeneração urbana, a conservação do património arquitectónico classificado e a evolução sustentável das cidades portuguesas.

João Mascarenhas Mateus
Investigador do CES, Núcleo de Cidades, Culturas e Arquitectura. Depois da licenciatura em Engenharia Civil no IST, fez o Mestrado em Ciências da Arquitectura, Conservação de Monumentos e Sítios Históricos na Katholieke Universiteit Leuven, Bélgica onde trabalhou como assistente de investigação (1993-1995). Doutorado em Engenharia Civil pelo IST (2001) na área da conservação arquitectónica com investigação realizada na Universidade La Sapienza de Roma, Itália.
Foi perito da Direcção de Cultura da Comissão Europeia entre 1993 e 1998 para avaliação de projectos de Conservação e Restauro do Património Cultural. Em Roma, projectou e dirigiu os trabalhos de conservação do Instituto Português e do Pontifício Colégio Português. "Cultore della materia" na Faculdade de Arquitectura Valle Giulia da Univ. La Sapienza de Roma (2002-2004) e colaborador científico da “Scuola di Specializzazione in Conservazione dei Monumenti” da mesma Universidade, desde 2002. Foi coordenador técnico da candidatura da Baixa Pombalina à Lista do Património Mundial (2003-2006).
Uma das linhas de investigação que desenvolve consiste em aprofundar as práticas culturais de planeamento relacionadas com a sustentabilidade da conservação de centros históricos.


Dia 2 de Maio de 2012
Carlos Vargas, Teatros em Portugal: a (re)construção de uma paisagem cultural (1997-2012)
Resumo
A revolução de 25 de Abril de 1974 introduz, em Portugal, um regime democrático, após 48 anos de ditadura. Contudo, e apesar de a administração central do Estado ter, desde logo, criado um programa de intervenção de acção cultural, associado inevitavelmente a um sistema de propaganda pós-revolucionária, só praticamente 20 anos depois, em 1995, é que se inicia uma intervenção coordenada por parte da administração central e local, para a recuperação e construção de teatros e cine-teatros por todo o território nacional.
De facto, 1995 é o ano da reabertura do Teatro Nacional de São João, no Porto, a que se seguiu, na mesma cidade, em 1997, a reabertura do Teatro Rivoli e o início da recuperação do Coliseu. A cidade do Porto é, pois, um bom exemplo do grau de desinteresse e de degradação a que estes equipamentos tinham chegado, e da mudança de perspectiva política que coloca os teatros no centro da renovação do tecido urbano.
A partir de 1998 assiste-se, em Portugal continental, a uma sistemática recuperação de teatros e de cine-teatros, e ainda à construção de equipamentos culturais diversos, a partir de um programa de incentivo lançado pelo Ministério da Cultura durante o XIII Governo constitucional. Este programa e todas as iniciativas que se seguiram alteraram radicalmente o mapa das artes do espectáculo no território continental, com menor incidência nas ilhas dos Açores e da Madeira.
A análise do processo político associado a um eventual plano de fomento dos equipamentos dedicados às artes do espectáculo, no âmbito do QCA II e III, permitirá fixar as estratégias de intervenção e respectivos investimentos, bem como perceber qual a cobertura do território por estas infraestruturas.

Carlos Vargas 

É assistente convidado do Departamento de História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, no âmbito do programa de mestrado Práticas Culturais para os Municípios Municípios;
Doutorando em Ciência Política, especialidade de Políticas Públicas, FCSH/ UNL, sob a orientação dos Prof. Cristina Montalvão Sarmento e Prof. Rui Vieira Nery, desenvolvendo o seu trabalho de investigação no âmbito das políticas públicas para a cultura em Portugal, no pós-25 de Abril;
Investigador do Instituto de História Contemporânea IHC/ UNL e membro fundador do Observatório Político;
Conferencista convidado do ISCTE/ IUL, no âmbito do programa de mestrado em Gestão Cultural e na pós-graduação em Património; 

É licenciado em Línguas e Literaturas Clássicas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e Engenheiro de Máquinas pelo Instituto Militar dos Pupilos do Exército; 
Desempenhou as seguintes funções: Administrador do Opart, EPE (entidade gestora do Teatro Nacional de São Carlos e da Companhia Nacional de Bailado) (2007-2010); Administrador do Teatro Nacional de São Carlos (2004-2007); Subdirector da Companhia Nacional de Bailado (1997-2004); Administrador do Instituto Português do Bailado e da Dança (1996-1997). Actualmente Carlos Vargas é Presidente do Conselho de Administração do Teatro Nacional D. Maria II, E.P.E.. 

Dia 9 de Maio de 2012
Deolinda Folgado: Os testemunhos da indústria e a História
Resumo
No século XX assistiu-se a um alargamento das fronteiras do conhecimento, podendo mesmo falar-se de contaminações entre as diversas ciências, nomeadamente as sociais, registando-se uma permeabilização entre a história, a sociologia, a antropologia, a economia, a arqueologia, etc.
Principalmente a partir de 1929, com os Annales, a história passa a ser uma adição possível de todas as histórias, passando-se da fonte escrita para a universalização das fontes. Também o património, tema que emerge com a modernização das sociedades, constituirá uma fonte. 
Michel Rix (Universidade de Birmingham) ao introduzir, em 1955, o termo da arqueologia industrial como o estudo sistemático das estruturas e artefactos que alargam a nossa compreensão sobre o passado industrial, contribuiu para a ampliação do universo das fontes a integrar na pesquisa de vários campos disciplinares, dada a natureza plural que encerra o universo industrial – técnica, arquitectura, urbanismo, história, design, etc.

Deolinda Folgado

Doutorada no ramo de História, especialidade em Arte, Património e Restauro, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 2010, com o título a Nova Ordem industrial. Da fábrica ao território de Lisboa. 1933-1968. Autora de inúmeros artigos e de textos integrados em obras colectivas no âmbito do património, património industrial, arquitectura industrial ou urbanismo associado à indústria. Coordenou diversos projetos relacionados com a inventariação, a valorização do património / arquitetura industrial ou com a divulgação do património. Tem desenvolvido grande parte da sua actividade profissional no antigo Instituto Português do Património Arquitetónico, atual IGESPAR. É investigadora integrada do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa.


Dia 16 de Março de 2012
José Pedro Sousa Dias, O património e a história das ciências da saúde em Lisboa: é dor ou saudade? 
Resumo 
Confrontado com objectos que são algo estranhos ao seu trabalho diário, o historiador tende frequentemente a prestar pouca atenção ao património da ciência, a tratar instrumentos e edifícios como fontes da responsabilidade de outros especialistas e que apenas lhe merecem serviços mínimos. Tomando como exemplo o Instituto Bacteriológico de Lisboa, posteriormente chamado de Câmara Pestana, a cuja história e preservação temos vindo a dedicar alguma atenção, desenvolve-se o tema da relevância do património científico para a história das ciências, procurando determinar se essa relevância existe de facto ou se o interesse pelo património é apenas uma ilusão resultante de uma visão nostálgica sobre os ambientes da ciência perdidos. 

José Pedro Sousa Dias
É Professor Associado na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, onde é responsável pela disciplina de História da Farmácia e da Terapêutica. Licenciado (1981) e doutorado (1991) em Farmácia pela Universidade de Lisboa, com uma tese sobre a produção de medicamentos em Lisboa no Século XVIII, tem centrado o seu percurso como investigador na História da Ciências da Saúde. Tem como actuais interesses de investigação, a história contemporânea das ciências biomédicas em Portugal, os aspectos científicos e sociais da história do medicamento nos séculos XVII e XVIII e a história da medicina e da farmácia na expansão e colonização portuguesa (séculos XVI a XVIII). É membro do Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência (CEHFCi).


Dia 23 de Maio de 2012
Silvestre Lacerda, Arquivos em Portugal: dinâmicas de uma evolução 

Resumo
Com esta intervenção pretende-se:
Promover o conhecimento sobre a necessidade de incrementar tanto a eficácia e a sustentabilidade do investimento público nos arquivos, como sobre a utilização destes para o desenvolvimento cultural, social e humano. Importa rever a visão tradicional sobre o valor exclusivamente cultural dos arquivos e integra-los na modernização dos modelos de gestão das organizações, assim como delinear una nova visão estratégica em matéria de política arquivística.

Silvestre Lacerda
Arquivista. Licenciatura em História, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Pós-graduação em Ciências Documentais, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Actual Diretor-geral de Arquivos e Director do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Membro do European Board of National Archives – EBNA; e do European Archival Group – EAG, junto da Comissão Europeia. Membro do Comité Inter-governamental de IBER-Archivos, Apoio ao desenvolvimento de Arquivos  Ibero-Americanos, Programa ADAI. Membro da Direcção da Associação Latino Americana de Arquivos – ALA, Ramo Regional do Conselho Internacional de Arquivos.


Dia 6 de Junho de 2012
Graça Filipe, Patrimonialização de contextos industriais e tecnológicos – experiências recentes.
Resumo

No domínio científico, o alargamento do conceito de fonte tem uma importância excepcional para a investigação histórica e repercute-se expressivamente na arqueologia industrial e na história da tecnologia e da indústria. No plano patrimonial, a extensão da aplicação do conceito de património a novos campos da atividade humana e sua relação com o meio envolvente e o crescente reconhecimento do património tecnológico e industrial, assim como a iniciativa ou a participação das comunidades na sua identificação e salvaguarda, têm contribuído de forma significativa para a construção da memória social. 
São múltiplas as experiências conhecidas e os casos em que tais dinâmicas têm reforçado o paradigma contemporâneo de museu, como entidade ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, capaz de contribuir para a compreensão do mundo e dos problemas com que no presente encaramos o futuro. 
A nossa abordagem foca-se principalmente nas dinâmicas e processos resultantes da articulação do estudo e investigação de contextos tecnológicos e industriais (de que destacamos o contributo da história) e de acções de protecção, conservação, interpretação e divulgação de estruturas, sítios e paisagens, que certas comunidades reconhecem como parte da sua identidade ou a que a sociedade confere um valor patrimonial e um potencial de reutilização, tornando-se necessário planificar e assegurar a sua gestão sustentada.
A partir de experiências recentes de patrimonialização de contextos industriais e tecnológicos, exemplificarei, esboçando uma perspectiva comparativa entre ambos, um caso (antiga fábrica de pólvora negra de Vale de Milhaços, actual extensão do Ecomuseu Municipal do Seixal) em que foi primordial  a interacção do museu com a comunidade e um caso de reconhecimento e configuração de um projecto de valorização de património industrial (complexo de uma levada no rio Nabão, lagares, moinho, moagens e fundição em Tomar – futuro Museu da Levada) que inscreve a necessária interacção com a comunidade nos  objectivos e missão de uma nova entidade museal, à qual caberá incorporar, investigar e gerir o complexo patrimonial.
Não tendo por objectivo tirar conclusões das experiências analisadas, importa-nos identificar alguns conceitos operatórios e enfatizar a importância das metodologias, o seu carácter experimental e a necessidade de critérios e parâmetros de avaliação dos projectos, em que a investigação histórica, em convivência multidisciplinar e mediante uma criteriosa divulgação de resultados, é imprescindível nos processos de patrimonialização.

Graça Filipe 

Mestre em Museologia e Património, pós-graduada em Museologia Social e licenciada em História. Museóloga, investigadora (museologia e história contemporânea). Técnica superior do Ecomuseu Municipal do Seixal - Câmara Municipal do Seixal (2011-2012), do qual foi responsável técnica (directora) de Dezembro 1989 a Dezembro 2009.
Tem desenvolvido projetos de investigação, preservação, valorização e divulgação de património, em particular de temática marítima e industrial, e trabalho de planificação e programação museológicas, gestão patrimonial e educação patrimonial.
Assistente convidada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa nos mestrados de Museologia e de Práticas Culturais para Municípios (departamentos de História de Arte e de História) - docência e orientação de teses e projetos de metrado (2006-2012). Investigadora associada ao Instituto de História Contemporânea da FCSH da UNL.
Exerceu o cargo de subdiretora do Instituto dos Museus e da Conservação de Dezembro 2009 a Fevereiro 2011. Consultora da Câmara Municipal de Tomar (2011-2012) no Projeto do Museu da Levada, de cujo programa museológico base foi responsável (2004-2005).
Membro do ICOM, desempenhando funções nos corpos gerentes do ICOM-Portugal desde 2002, sendo actual membro vogal da Direcção (triénio 2011-2014).

Dia 20 de Junho de 2012
António Camões Gouveia, Portalegre e o património industrial: a Fundação Robinson

António Camões Gouveia
Licenciado em História, pós-graduado em História Cultural e Política e doutorado em História e Teoria das Ideias, pela FCSH/ UNL. Nessa mesma Faculdade dá aulas desde 1981, tendo estado entre 1992 e 1997 na Comissão dos Descobrimentos e de 2010 a 2012 como director do Museu de Évora. Enquanto docente tem leccionado matérias no âmbito da história da cultura dos séculos XVI a XVIII sendo, desde o seu início, coordenador do Segundo Ciclo em Práticas Culturais para Municípios. As suas áreas de interesse científico centra-se na História Social e das Sociabilidades, quando aflorada nas dimensões da História da Cultura e da História Religiosa, e na Programação de Cultura. Actualmente é coordenador científico da Fundação Robinson em Portalegre.

Dia 27 de Junho de 2012
José Gameiro, O Património Local, Relação Social e Territorial. O Caso do Museu de Portimão
Lugares de investimento social e cultural, de representação simbólica ou de interpretação histórica das comunidades, os museus têm vindo a assumir um relevante protagonismo, tanto na descoberta das qualidades diferenciadoras do seu território e das suas populações, como de uma oferta patrimonial e cultural, igualmente portadora de efectiva singularidade.
Antes do turismo, grande parte da história de Portimão e da sua relação social e territorial, encontrava-se profundamente ligada à componente fúvio-marítima, inclusivamente na passagem do mundo rural ao industrial, em especial no aproveitamento dos seus recursos naturais, dos quais emergiram e ganharam significado a produção de sal, a pesca, a construção naval e a indústria conserveira, entre outras.
Em Portimão, a transformação de uma antiga fábrica de conservas em museu, num contexto territorial fortemente condicionado pelo modelo turístico dos anos 70 e 80, coloca alguns desafios sobre os caminhos, as potencialidades e os limites dessa coexistência e a definição de um programa museológico, claramente assumido como um observatório permanente da evolução histórica da comunidade, uma estrutura permanente de produção de conhecimento e de valorização do seu património.
Deste modo, turismo, comunidade e património constituíram-se nos três principais eixos estruturantes do triângulo económico, social e cultural desta realidade local, que haveriam de determinar os objectivos e a missão de um Museu de Sociedade, Identidade e Território.

José Gameiro
Director do Museu de Portimão (vencedor do Prémio “Museu Conselho da Europa 2010” e Prémio “DASA – Mundo do Trabalho /Dortmund 2011”).
Mestre em “Gestão e Administração do Património Cultural” pela Universidade do Algarve e Licenciado em Artes-Plásticas pela Faculdade de Belas-Artes, da Universidade de Lisboa.
Integra desde 2011 o Júri do European Museum Forum (EMF), entidade responsável pela selecção anual dos museus europeus candidatos à atribuição dos prémios: Museu Europeu do Ano e Museu Conselho da Europa.
Participou em 2010/2011, como membro da Secção Especializada dos Museus e Conservação, do Conselho Nacional da Cultura, tendo sido membro fundador da Rede Portuguesa de Museus (2000) e da Rede de Museus do Algarve (2007);
Membro do ICOM e da Associação Europeia de Museus do Trabalho, Indústria e Sociedade “WORKLAB”, tem exercido as funções de formador e professor nas áreas da museologia e do património industrial e é responsável pela coordenação de diversas exposições e projectos de parcerias nacionais e europeias.